A Semana Nacional do Sono desperta a atenção para insônia, que cresceu ainda mais durante o período de pandemia
A insônia é um distúrbio do sono caracterizado pela dificuldade de dormir, ou conseguir manter o ciclo de sono sem interrupções durante a noite dos brasileiros.
O psiquiatra e médico, Fábio Aurélio Leite, explica que a insônia não é, necessariamente, passar a noite toda sem dormir: ela pode se manifestar como uma alteração na qualidade do sono.
Ou seja, não só dormir pouco, mas dormir mal, e também outros fatores como acordar no meio da noite e se sentir cansado durante o dia.
“O principal sintoma a se considerar em relação à insônia é em como ela afeta o seu dia a dia, ou seja, se a pessoa percebe uma dificuldade em desempenhar suas atividades por conta de noites mal dormidas”, explica o médico.
Todavia, há pessoas que dormem, em média, 4 ou 5 horas por noite e se sentem descansadas e dispostas durante o dia todo, o que não é o caso quando a pessoa está sofrendo de insônia.
Nos últimos anos, a insônia passou a ser inimiga de grande parte da população, e, por conta disso, deixou de ser um assunto tabu, além de ser uma doença constantemente estudada por especialistas.
De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira do Sono (ABS), 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia.
Em grandes cidades, como São Paulo, em que o ritmo de vida é muito agitado, os índices são bem altos. Dados do Instituto do Sono (EPISONO) revelam que 45% da população paulistana queixa-se de insônia ou dificuldade para dormir.
A causa da insônia é explicada por especialistas por meio do modelo teórico de Spielman que consiste em três fatores, que são conhecidos como os 3 Ps:
O psiquiatra explica que o fator predisponente é aquele que aparece em pessoas que possuem uma pré-disposição a ter dificuldades em pegar no sono, como uma pessoa hiper alerta.
Ou também que possuem comorbidades como ansiedade e depressão, que são doenças que coexistem com a insônia.
Ou seja, não necessariamente uma é causadora da outra, mas elas possuem potencial para intensificar o quadro como um todo.
Já o fator precipitante é causado por acontecimentos que geram gatilhos emocionais como estresse e tristeza.
Os exemplos são doenças, como por exemplo a perda de um ente querido, pressão no ambiente de trabalho, ou medos e frustrações causadas por situações como a pandemia, e também a circunstância de isolamento social.
“No último ano, o número de pessoas que alegam sofrer de insônia aumentou muito por causa da pandemia”, conta o psiquiatra.
E o último fator, o perpetuante, são os maus hábitos que atrapalham nosso sono, como comer muito antes de ir para cama.
Também fazer atividades físicas tarde da noite, beber muito café durante o dia, entre outros.
É preciso monitorar os sintomas durante duas a três semanas, e caso eles persistam, dessa maneira, é recomendado procurar ajuda médica.
“Quanto mais cedo a pessoa procurar um médico, mais rápido será possível tratar e melhorar o quadro da insônia”, afirma o Dr. Leite.
A saber, o tratamento envolve Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), que se trata de uma abordagem da psicoterapia, feita por um médico especializado.
A TCC ajudará principalmente pacientes com fatores predisponentes, como a depressão. A medicação é indicada em casos clínicos quando receitado e acompanhado por médico.
E a higienização do sono, que são várias medidas adotadas para ajudar a melhorar o sono, é utilizada contudo em paralelo com os outros tratamentos.
Dicas para dormir melhor
As causas perpetuantes, ou seja, os maus hábitos adquiridos com o tempo são fatores que podem ser evitados.
Se as outras causas precisam de mais atenção e acompanhamento médico para tratar, os hábitos podem, contudo, ser mudados com o tempo.
E assim, eles têm a possibilidade de colaborar com noites bem dormidas.
Veja algumas recomendações de como fazer a higiene do sono
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