NOTÍCIA

Cuidar da aparência e do corpo não é mais uma preocupação apenas das mulheres. Flacidez, manchas e rugas estão entre as principais queixas da terceira idade em relação aos cuidados com a pele

O público 60+ está cada vez mais vaidoso no melhor sentido da palavra. Busca o bem-estar também por meio dos cuidados com a aparência física. E na terceira idade os cuidados pele redobram.

Contudo, o processo de envelhecimento traz algumas alterações na estrutura do corpo e também no metabolismo. Tudo isso pode culminar em quadros como queda dos cabelos ou alterações na cor, perda de colágeno e diminuição de massa muscular.

Assim, é natural que a busca pelos cuidados com a beleza seja mais intensa, para que o aspecto jovial não seja perdido. Entre as mulheres, no inverno, que tende a ser mais intenso em algumas regiões do País, por exemplo, é fundamental ter cautela com os banhos com temperaturas mais elevadas e as roupas mais pesadas e um pouco mais ásperas, que podem levar ao ressecamento e à esfoliação da pele.

Já entre os homens, os cuidados com a barba, higiene e vitalidade se intensificam, dando destaque para produtos mais específicos, como xampus e tonalizantes, instrumentos para cuidados das unhas e suplementos.

De acordo com o fundador da SeniorLab mercado & consumo 60+ e diretor do Aging2.0 Brasil, Martin Henkel, até mesmo os enxaguantes bucais mostram um aumento de interesse, assim como os filtros solares e hidratantes de pele com aromas mais masculinos.

“Como suas esposas começam a utilizar aromas femininos mais intensos, está mais do que na hora de cada um ter o seu. Os medicamentos para disfunção sexual em alguns casos, mas na maioria para aumento da confiança e potência, também ganham o especial interesse do consumidor 60+. A suplementação nutricional e vitamínica também cresce em interesse e participação nas vendas.”

A gerente médica da EMS, Monalisa Fernanda Bocchi de Oliveira, comenta que pele e cabelos têm uma função na vida social, familiar e sexual das pessoas. “A aparência, bem como o tato e olfato da pele e cabelos são extremamente importantes nas construções socioemocionais dos indivíduos.”

Hidratação é alvo

Ter uma aparência saudável é a prioridade para as pessoas que buscam viver mais e melhor à frente, inclusive, o desejo de eliminar as rugas, como apontou uma pesquisa sobre beleza realizada pela Euromonitor International.

Para 63% dos entrevistados com mais de 60 anos de idade, a hidratação foi o benefício mais desejado para um produto de cuidados para a pele. O antienvelhecimento foi citado por apenas 38% das pessoas.

“Para atingir esse consumidor, os produtos devem se concentrar na promessa de oferecer uma aparência saudável em todas as fases da vida, e não em fazer o tempo voltar atrás. Além disso, os benefícios secundários devem ser bem específicos, como firmeza e melhora da textura da pele, para se alinhar com a tendência de personalização reinante nesse segmento”, pontua a consultora especializada em varejo farmacêutico, Silvia Osso.

Segundo ela, no setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC), ainda há muito espaço para lançamentos de produtos para esse público. “Apesar de um olhar ainda tímido sobre ele, algumas apostas vêm sendo feitas com sucesso, lançamentos de linhas de skincare específicas para as faixas etárias de 60 e 70+, linhas para cabelo com foco em redensificação dos fios e até hidratantes corporais com maior potência de hidratação. Ou seja, ainda existem muitas oportunidades no setor para atender às demandas desse público, que aumenta ano a ano.”

Envelhecer naturalmente é a principal preocupação do público sênior. De acordo com o médico dermatologista da Clínica Ferraz, Dr. João Vitor Ferraz, os pacientes idosos buscam por tratamentos para evitar cirurgias, e entre as queixas mais frequentes estão a flacidez, as manchas na pele e as rugas.

Pele, cabelo e unhas: principais alterações

Todos os órgãos envelhecem e com a pele não é diferente. A pele é o maior órgão do corpo e sua exposição às intempéries do ambiente pode agravar seu envelhecimento.

Monalisa, da EMS, explica que o envelhecimento da pele ocorre de duas maneiras, por fatores internos, genéticos e cronológicos (intrínseco) e por fatores externos (extrínseco) decorrentes de danos ambientais. Nesse cenário, ganha destaque a radiação solar ultravioleta (raios UV), também conhecida como fotoenvelhecimento, além de outros fatores, como tabagismo, poluição, profissão, hábitos de alimentação, etc.

“A pele é o órgão em que, primariamente, notamos sinais de envelhecimento, como rugas, manchas, ‘vasinhos’, flacidez, ressecamento, cabelos grisalhos e mais finos e mais ralos, unhas quebradiças, etc., sendo assim, a aparência da pele depende da história de vida de cada um, das exposições ambientais, dos hábitos, da influência genética, das doenças prévias, entre outros fatores.”

Com relação aos cabelos, eles afinam e seu diâmetro diminui. A velocidade de crescimento também é reduzida e eles se tornam mais secos, quebradiços e, por fim, podem ficar brancos. Além disso, condições e hábitos como o fumo, a exposição à poluição e a radiação solar podem acelerar o processo de envelhecimento dos fios de cabelo devido à liberação de radicais livres.

O head de Medical Affairs da divisão Consumer Health da Bayer, Dr. Maurício Souza, destaca que, na menopausa, os fios tendem a ficar mais ressecados e quebradiços pela diminuição de hormônios, principalmente o estrogênio.

O Dr. Ferraz lembra ainda que os fios envelhecem também pelo acúmulo de química. “Antigamente, os produtos não eram seguros, tinham substâncias muito agressivas, fazendo com que a maioria dos idosos apresente cabelos fracos, frágeis e em pequena quantidade.”

Com as unhas, o processo é bem semelhante. Ocorre uma diminuição da velocidade de crescimento, elas ficam mais ressecadas, quebradiças e finas e podem aparecer algumas estrias (riscos).

“Essas alterações, mais comumente observadas nas unhas das mãos podem ser tratadas com suplementação vitamínica e hidratação noturna, para restaurar a perda de água e lipídeos. As unhas dos pés podem ficar mais grossas e espessadas pelo crescimento desordenado da unha e trauma frequente com calçados ao longo da vida”, complementa o Dr. Souza, da Bayer.

A melhor maneira de prevenir problemas como esses é manter hábitos saudáveis ao longo de toda a vida. Para isso, é fundamental cuidar da saúde como um todo, com alimentação saudável, prática de atividade física, bom sono, hábitos saudáveis de higiene. Também é favorável evitar o estresse, o fumo ou outras drogas e o excesso de consumo de álcool, bem como manter a atividade social saudável e o equilíbrio emocional.

Os ativos da beleza

Os compostos mais presentes em dermocosméticos que têm sido mais usados contra os sinais da idade e manchas de pele são:

Retinol: ativo poderoso no tratamento anti-idade. Derivado da vitamina A, age sobre o DNA da célula, aumentando a capacidade de renovação da pele, deixando a região mais fina, lisa e uniforme.

Cisteamina: ativo usado para desordens de pigmentação da pele. Atua como corretor dos pigmentos, reduzindo a melanina na epiderme, corrigindo o melasma e a hiperpigmentação pós-inflamatória.

Ácido glicólico: da mesma família dos ácidos láticos, é conhecido por facilitar a penetração de substâncias na pele, além de possuir ação de radicais livres e auxiliar na formação de colágeno.

Thiamidol: promove a regeneração da pele contra manchas escuras e flacidez.

Metformina tópica: recentemente, passou a ser utilizada para os tratamentos de manchas e melasma.

Suplementos e vitaminas

Quando usar?

A prescrição de suplementos e vitaminas deve ser orientada individualmente por profissionais habilitados, como médicos e nutricionistas. As necessidades de cada indivíduo podem ser diferentes, e a segurança para o uso deve ser avaliada caso a caso.

Qual a função?

Aminoácidos e proteínas: revisões científicas têm mostrado que estes ativos podem auxiliar na redução da perda de massa muscular. Em particular, o aminoácido leucina pode ser considerado um modulador do metabolismo muscular, ajudando tanto na síntese das fibras
musculares, como na utilização da glicose pelos músculos.

Vitaminas: outros micronutrientes relevantes para a função osteomuscular são aqueles que apresentam funções antioxidantes, como a vitamina C e a vitamina E, e que também auxiliam na formação e função do colágeno. Não podemos deixar de falar da vitamina D, que pode ser obtida por meio da exposição ao sol, mas que também faz parte de diversos suplementos vitamínicos e que ajuda na absorção do cálcio, importante para a manutenção da densidade e resistência dos ossos. Vale lembrar que a vitamina D é importante também para a função adequada do sistema imunológico.

Polivitamínicos e colágeno: também são recomendados, sobretudo, para aqueles que já não conseguem mais realizar refeições completas.

Nutricosméticos: podem ser usados, desde que combinados com outros produtos de uso tópico ou caso o paciente tenha feito algum procedimento dermatológico, como estimulação de colágeno, por exemplo. Os mais eficazes são aqueles que atuam como antioxidantes, auxiliando inclusive o fotoenvelhecimento.