Muito se fala sobre substituir o açúcar pelo adoçante na hora de adoçar bebidas, mas qual a diferença entre eles? Faz bem ou faz mal para a saúde?
Confira a entrevista exclusiva do Guia da Farmácia com a nutricionista e consultora da Linea Alimentos, Elaine Moreira, sobre o tema.
O que é o açúcar cristal?
Elaine Moreira • O açúcar cristal, assim como o açúcar refinado, possui cristais grandes e irregulares, que são transparentes ou levemente amarelados, fáceis de serem dissolvidos. Durante a sua fabricação, adicionam-se produtos químicos para deixá-lo branco e saboroso, mas, com isso, as vitaminas e os sais minerais são perdidos. Apesar de a maior parte do açúcar cristal ser branco, também é possível encontrá-lo em diversas cores, sendo usado principalmente para decorar bolos e doces de aniversários. Para obter açúcar rosa, azul ou laranja, por exemplo, a indústria adiciona corantes artificiais durante o seu preparo.
Existem restrições no uso? Se sim, quais são?
Elaine • Não deve ser usado em caso de diabetes.
Elaine • O açúcar de confeiteiro possui grãos muito finos, sendo ideal para a fabricação de preparações como chantilly, coberturas e glacês mais homogêneos, além de ser usado para decorar bolos e tortas. Ele tem um aspecto de talco ou neve fininha, dilui bem mais facilmente que o açúcar cristal, e durante a sua fabricação adiciona-se amido na fórmula, para que os grãos super pequenos não voltem a se unir novamente.
Ele também não deve ser usado em caso de diabetes.
Elaine • O açúcar mascavo é obtido a partir do cozimento da calda da cana-de-açúcar, mantendo boa parte de seus nutrientes, como ferro, ácido fólico e cálcio. Por não ser refinado, ele também possui grãos maiores e mais escuros, que não diluem facilmente como do açúcar refinado, e que têm um sabor bem parecido com o da cana-de-açúcar ou de seu doce, como a rapa dura.
Apesar de ser uma das versões mais saudáveis, ele também é rico em calorias, devendo ser consumido apenas em pequenas quantidades.
O benefício dele é adoçar com menos produtos químicos e alguns nutrientes, porém em bem pequena quantidade em relação a caloria que oferece.
Ele também não deve ser usado em caso de diabetes.
Elaine • Parecido com o açúcar mascavo, o demerara se diferencia por passar por um leve processo de purificação e refinamento, mas sem a utilização de aditivos químicos. Ele também mantém os minerais presentes na cana-de-açúcar, e dilui mais facilmente e tem um sabor mais suave que o açúcar mascavo.
Elaine • Adoçar com menos produtos químicos e alguns nutrientes, porem em bem pequena quantidade em relação a caloria que oferece.
Elaine • Não deve ser usado ou seu consumo reduzido em casos de diabetes ou que haja necessidade de reduzir a glicemia ou insulinemia.
Elaine • O açúcar light é obtido a partir de uma mistura entre o açúcar refinado e adoçantes, fazendo com que o produto final tenha um poder adoçante maior que o açúcar comum, mas com menos calorias. No entanto, ele também não deve ser usado em casos de diabetes.
Elaine • O açúcar orgânico tem as mesmas calorias do açúcar comum, e preserva uma pequena parte dos nutrientes presentes na cana de açúcar. A diferença principal é que durante a produção do açúcar orgânico não são utilizados ingredientes artificiais, adubos, fertilizantes químicos ou agrotóxicos em nenhuma etapa. Ele também se diferencia por não ser refinado.
Elaine • Adoçar com menos produtos químicos e alguns nutrientes, porem em bem pequena quantidade em relação a caloria que oferece.
Ele também não deve ser usado em caso de diabetes.
Elaine • O açúcar de coco é obtido a partir da seiva do coqueiro, não sendo extraído do fruto coco. Ele é um alimento minimamente processado, não contendo conservantes e nem passando por processos de refinamento, como acontece com o açúcar comum, ele possui fibra inulina, considerada uma fibra prebiótica, que ajuda na manutenção e crescimento da flora intestinal, além disso faz com que os carboidratos sejam absorvidos de forma mais lenta pelo organismo, por isso tem um índice glicêmico mais baixo que o açúcar comum.
Ele contém minerais como ferro, zinco, potássio e magnésio, e vitaminas do complexo B. É importante lembrar que por ser um carboidrato simples, todo tipo de açúcar deve ser evitado em casos de diabetes, além de dever ser consumido apenas em pequenas quantidades para manter a saúde e o peso equilibrados. Vale salientar que ela tem o sabor característico de coco.
Elaine • Adoçar com menor impacto na glicemia e menos produtos químicos e alguns nutrientes, porem em bem pequena quantidade em relação a caloria que oferece.
Ele também não deve ser usado em caso de diabetes.
Elaine • A Taumatina é um adoçante natural extraída de uma fruta vermelha, chamada Thaumatococcus danielli, originária do Oeste Africano. É reconhecida como a substância natural mais doce, sendo mencionada no livro dos recordes, o Guiness Book, cerca de 3 mil vezes mais doce do que o açúcar. Consiste em uma proteína vegetal composta por uma sequência de 207 aminoácidos, a sua metabolização é como de qualquer outra proteína até por isso considerada completamente segura.
Não existem restrições de uso.
2. Stevia
Elaine • A Stevia rebaudiana é uma planta nativa da divisa entre Brasil e Paraguai, que tem em suas folhas várias substâncias (chamadas glicosídeos) que entregam o sabor doce superior ao açúcar em cerca de 300 vezes. A stevia é um edulcorante seguro, sendo eliminado pelo nosso organismo através da urina, não eleva a glicemia, não causa caries e não tem calorias. Cada um dos glicosídeos de esteviol apresenta intensidade e perfil dulçor particulares e, os primeiros adoçantes à base de Stevia apresentavam sabor mais amargo, pela predominância dos esteviosídeos, porém com mais estudos e aprimoramento nos processos de filtração, melhorias são realizadas visando aumentar os teores de compostos doces e reduzir o sabor residual. Como mostra a figura abaixo, a curva de dulçor do rebaudiosídeo A é mais próxima ao da sacarose do que do esteviosídeo.
Elaine • Reduz a glicemia, não fornece calorias, não causa cáries e gorduras localizadas, não eleva a glicemia e tem se discutido uma função benéfica para intestino. Resiste a altas temperaturas, por isso, pode ser usado em preparações feitas no forno ou fogão.
Elaine • Não. Vamos abordar alguns tipos de polióis, (álcoois de açúcar ou polihídricos) que são originados da redução de açúcares simples ou complexos, eles são classificados em monossacarídeos hidrogenados (eritritol, xilitol, sorbitol e manitol) ou dissacarídeos hidrogenados (maltitol, lactitol e isomalte).
Índice glicêmico (IG) do eritritol e demais polióis em comparação à sacarose.
Fórmula química | Índice glicêmico (IG) | |
Sacarose | C12H22O11 | 65,0 |
Eritritol | C4H10O4 | 0,0 |
Lactitol | C12H24O11 | 6,0 |
Manitol | C6H14O6 | 0,0 |
Maltitol | C12H24O11 | 35,0 |
Sorbitol | C6H14O6 | 9,0 |
Xilitol | C5H12O5 | 13,0 |
Elaine • O sorbitol é um poliol (álcool de açúcar). É encontrado naturalmente em diversas frutas, tais como a maçã e a ameixa, vegetais e algas e pode ser produzido industrialmente a partir da sacarose ou do amido. É absorvido no organismo de forma lenta e incompleta, é considerado um edulcorante de valor calórico reduzido, pois fornece 2,4 quilocalorias por grama (frente as 4 kcal/g do açúcar). Os polióis são utilizados também como agentes de corpo para produtos como geleias, chocolates e balas, produzem uma baixa resposta glicêmica, considerado bons substitutos para o açúcar.
Elaine • Redução de calorias e impacto glicêmico. Resiste a altas temperaturas, por isso, pode ser usado em preparações feitas no forno ou fogão. Pode ser utilizado por todas as faixas etárias.
Elaine • A ingestão excessiva de sorbitol, devido à sua fermentação, pode provocar dor abdominal leve e inclusive pode cursar com diarreia, gases, náuseas, leves cãibras estomacais ou irritação retal.
Elaine • O eritritol é um adoçante natural extraído de alimentos como melões, peras, uvas, milho, estando também presente em produtos fermentados, como vinho, saquê e molho de soja, disponível em pó e granular, sem sabor residual e com sensação de refrescância quando dissolvido na boca. O eritritol possui cerca de 60 a 70% do dulçor em comparação ao açúcar, não fornece calorias por ser totalmente excretado pelo organismo. A sua absorção ocorre no intestino delgado e cerca de 90% do eritritol é eliminado através da urina sem gerar alterações nos níveis de glicose e insulina no sangue e , apenas uma pequena fração chega ao cólon, cerca de apenas 10%, que poderá ser fermentado pelas bactérias intestinais. A ingestão de eritritol é bem tolerada, não provocando efeitos colaterais gastrointestinais em níveis de consumo de 2 a 4 vezes maiores em comparação a outros polióis. Alguns polióis, especialmente o eritritol, têm sido investigados quanto ao efeito anticariogênico, atuando por meio da redução na formação da placa bacteriana na boca.
Não existem restrições de uso.
5. Xylitol
Elaine • O xilitol é considerado um adoçante natural que vem das fibras de frutas e vegetais, porém, o mais comum é que a indústria alimentícia o extraia do milho. Apesar de sua aparência se assemelhar ao açúcar, o xilitol tem cerca de 40% a menos de calorias, quando comparado a esse adoçante mais tradicional. Além do mais, o xilitol é considerado de baixo índice glicêmico, o que já o torna uma melhor opção para os diabéticos.
É um composto encontrado na natureza em pequenas quantidades, como nas frutas, vegetais, liquens, algas e cogumelos, a fonte primária do adoçante xilitol é o amido de milho. O xilitol pode ser obtido por processo químico ou biotecnológico
O xilitol possui 40% menos calorias e 75% menos carboidratos que o açúcar. De 25 a 50% do xilitol consumido é absorvido no intestino delgado, a sua absorção é lenta e influencia minimamente os níveis de glicemia, a sua concentração no sangue não sofre as mudanças bruscas causadas pela sacarose e pela glicose, sendo por isso, um adoçante bem tolerado por pessoas com DM I e II. Após ser absorvido é metabolizado principalmente pelo fígado, e transformado em energia, 2,4 calorias por grama, a parte restante vai ser fermentada pelas bactérias no intestino grosso. Pode-se dizer que a excreção de xilitol pelas fezes é pouco significativa, assim como a perda urinária. Cerca de 42% do poliol não absorvido é utilizado para o próprio crescimento da microbiota bacteriana.
Segundo o FDA o consumo é permitido na quantidade necessária para atingir o sabor desejado, sendo 60 gramas ao dia o valor máximo recomendado. O consumo acima desta quantidade, pode resultar em alterações gastrointestinais laxativas temporárias, como distensão abdominal, flatulência e diarreia osmótica.
Os efeitos colaterais normalmente acontecem após o consumo de doses excessivas desses carboidratos. A gravidade dos sintomas depende das características individuais, estado de jejum e dose consumida.
O xilitol tem sido utilizado em gomas de mascar, estudos feitos com a quantidade de 3 a 5g por dia, mostrou redução em até 63% o aparecimento de cáries nos pacientes, diferentemente das que apresentavam sorbitol, que tiveram redução de apenas 30%.
Elaine • Observar a tolerância intestinal de cada um.
Elaine • O agave é uma planta de origem mexicana do tipo suculenta, é a matéria-prima da bebida tequila muito usada como adoçante e erva medicinal (para tratar problemas de digestão e possíveis lesões, por exemplo).
O seu sabor é mais doce do que o açúcar e sua aparência é parecida com a do mel, porém com uma coloração e textura mais suaves.
Ela funciona como substituto do açúcar ou mel. A principal diferença entre ambos está no poder de adoçar, já que a calda de agave adoça cerca de 50% mais, portanto, pode ser consumida em menor quantidade. Em comparação com o agave, os dois possuem características próximas, inclusive na quantidade de calorias, relação às suas composições, o mel possui 50% de glicose e 50% de frutose, enquanto a calda de agave tem entre 75% e 90% só de frutose, o que contraindica seu uso para pacientes diabéticos.
Elaine • Tem grande poder adoçante (200 vezes superior ao açúcar). Contém 4 kcal/g e seu uso é permitido para diabéticos. Tem um sabor semelhante ao do açúcar e é encontrado em produtos adoçantes, refrigerantes e doces. Embora algumas pesquisas associem seu uso à ocorrência de câncer e Mal de Alzheimer, não há comprovação científica. Também não pode ser aquecido, pois perde o poder de dulçor.
Elaine • Criada em 1879, ela é sintetizada a partir do ácido toluenossulfônico, derivado do petróleo. Está presente em refrigerantes zero e produtos adoçantes. Deixa um sabor residual amargoso e metálico, mas não contém calorias e pode ser usada por diabéticos. Por conter sódio, é contraindicada para hipertensos. Pesquisas associavam o uso da sacarina ao surgimento de câncer de bexiga, porque foram administradas em ratos doses muito altas, como existe sódio na molécula de sacarina, relacionou-se posteriormente o aumento do risco de câncer devido a presença do sódio. Visto que as doses administradas são muito superiores ao que se poderia consumir em um dia, as agências de vigilância sanitárias reviram estes estudos e consideraram a sacarina segura, tanto que é liberada para uso atualmente.
Elaine • Um adoçante de baixo custo. Adoça (com sabor residual) sem calorias.
Elaine • Contém sódio na composição, em bem pequena quantidade. Estudos mostram que atravessa a barreira placentária, por isso deve ser evitada por gestantes. Pode ser utilizado por todas as faixas etárias.
Elaine • Provém do ácido ciclo hexano sulfâmico, derivado do petróleo, com sabor residual. Assim como a sacarina, não possui calorias, pode ser aquecido e pode ser consumido por diabéticos. E o sódio presente em sua composição deve ser considerado apesar de pequena quantidade. É encontrado em refrigerantes zero e adoçantes. É um dos adoçantes mais questionados sobre sua segurança, mas é liberado para uso em vários países, inclusive o Brasil e proibido em outros países como nos Estados Unidos.
Elaine • Um adoçante de baixo custo. Adoça (com sabor residual) sem calorias e pode ser utilizado por todas as faixas etárias.
Elaine • É derivada da cana de açúcar, tem um sabor similar ao do açúcar, sem residual amargo, com poder de dulçor 600 vezes maior do que o açúcar, não contém calorias, não causa cáries, não eleva a glicemia, podendo ser consumido por diabéticos, crianças, gestantes e hipertensos. Ele é eliminado pelo organismo, sendo 85,5 % pelas fezes e o restante pela urina, que não se acumula no organismo. É um dos adoçantes mais consumidos por ter custo acessível e agradável. Pode ser aquecido e se dissolve facilmente em receitas. Não atravessa a barreira placentária, por isso é indicado para gestantes e não atravessa a barreira hemato-encefálica, por isso não vai para o sistema nervoso central.
Elaine • É o adoçante com perfil de sabor mais parecido com o açúcar sem calorias, pode ser aquecido e utilizado por todas as faixas etárias.
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